Sabemos que já perdemos a vergonha quando começamos a adiantar teorias quando nem sequer começámos a perceber sobre o que versam...
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Embora pensar seja necessário, há um reflexo nas acções que não vai sempre lá buscar tudo. Há sim, uma espécie de empurrão nas costas, um imã que repele ao invés de atrair, o momento da surpresa do desequilíbrio que dura uma eternidade porque a queda não traz a dor que sustém a falta de respiração própria dos inesperados que vão dilacerando.
A ansiedade, aliada a uma inevitável e apagada luz interna, é uma espécie de torniquete da naturalidade, uma imensa força centrífuga que chega a abranda o discurso em dezenas de pequenos e insistentes pedidos surdos.
A confrontação é odiosa, pois mascara-se. É uma parvoíce mas entra e nota-se, incessante, como uma corda persistentemente desafinada numa totalidade que se pretende harmoniosa.
O sol brilha mas não aquece.
O cheiro é inebriante mas é-se incapaz de provar.
Todo me vou "apequenando", o silêncio é uma espécie de mordaça repleta de estiletes afiados e anestésico disfarçado de leituras profundas. Serve mas não resolve. Pára, mas não regenera.
É ao sacudir-me de mim que percebo o meu próprio peso. É mais imenso que inútil, mas é claramente um retorno a instantes onde nada se parecia com o que devia ser. E assim escondo-me para ver se ao não me ver, há quem siga como sempre, ou quem desafie.
É uma espécie idiota de pedido, uma patetice encriptada, e no entanto tão inevitável como o decoro que preciso de me ter para ainda me respeitar.
Mas digo. Vou dizendo.
Já deixei de o fazer demasiadas vezes.
Já muitos fizeram o mesmo.
E os resultados estão à vista.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
segunda-feira, 9 de abril de 2012
ESTACÃO ALTERNATIVA - III
"Existem
pessoas capazes da mais rasteira malícia por propósitos que me escapam. Pessoas
que usam cada grama de uma hipocrisia imensa para fazer desfilar uma série de
(julgam eles) pequenos actos que deixam os destinatários sem reacção. Existem
pessoas capazes de justificar, por uma soberba idiota e um senso de cobardia
insustentável, cada atitude em detrimento de algo que não seja o próprio.
Justificam-se por uma pretensa superioridade que tem como suporte apenas uma
espécie de poder artificial, onde concorrem apenas as relações hierárquicas de
sobrevivência ou a ameaça de violência. Justificam-se pela ilegitimidade de quem
simplesmente acha que se for feito por si, está justificado, e ponto final.
A maldade,
que a mim sempre me apareceu vestida como um egoísmo absurdamente potenciado, é
real, e há quem o faça sem qualquer condicionamento, razão, ou justificação.
Como a estupidez, parece justificar-se a si mesma na cegueira própria dos doidos
que se corrompem a si mesmos à custa daquilo que espoliam a outrem.
Algumas
pessoas simplesmente tiram sem autorização, concluem sem argumentos, usam sem
cuidado, e destroem sem ser como consequência de uma
ameaça."
ESTAÇÃO ALTERNATIVA II
A bondade dos gestos simples e/ou bons está auto-demonstrada. Não pela batidíssima metáfora da virtude ser a sua própria recompensa, mas porque ao comprovar-se a resistência que permite um impulso positivo, denuncia-se todo o mundo que, nesse instante, se calhar não interessa mesmo nada.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Eu desconfio dos histriónicos. Dos alardes, dos foguetes, das auto-promoções, da sede de holofote, da pretensa unanimidade da "porreirice". Desconfio daqueles que confundem sinceridade com auto-centrismo, das esponjas ao sol, que muito absorvem mas nada devolvem. Desconfio daqueles que têm "tantos amigos", são "tão populares", mas no limite, perdem-se nos seus ecos quando o brilho exterior enfraquece. Daqueles que, na merda, chafurdam quase sempre sozinhos...
Desconfio dos que choram a ausência alheia e enfeitam a própria a cores de desculpa. Do carácter unilateral dos gestos cheios de auto-intuitos. De quem nada faz sem o bloco de uma conta corrente desequilibrada. De quem jamais se questiona enquanto pergunta os motivos de todos a todos.
Desconfio dos sorrisos de quem diz nunca mentir, de quem apresenta imobilidade de ser com o passar do tempo, de quem não muda de opinião, de quem a serve consoante o destinatário, só para não perturbar a paz.
Desconfio de quem desculpa a inadmissibilidade do desconforto com a emoção necessária. De quem não cerra o dentes e confunde topete com sinceridade.
De quem perdeu o juízo com os outros, não sabendo que a piada só está na metáfora de alguma auto-loucura interna.
Desconfio de quem não tem a noção.
Nem de si, e por isso, nunca dos outros.
Desconfio dos que choram a ausência alheia e enfeitam a própria a cores de desculpa. Do carácter unilateral dos gestos cheios de auto-intuitos. De quem nada faz sem o bloco de uma conta corrente desequilibrada. De quem jamais se questiona enquanto pergunta os motivos de todos a todos.
Desconfio dos sorrisos de quem diz nunca mentir, de quem apresenta imobilidade de ser com o passar do tempo, de quem não muda de opinião, de quem a serve consoante o destinatário, só para não perturbar a paz.
Desconfio de quem desculpa a inadmissibilidade do desconforto com a emoção necessária. De quem não cerra o dentes e confunde topete com sinceridade.
De quem perdeu o juízo com os outros, não sabendo que a piada só está na metáfora de alguma auto-loucura interna.
Desconfio de quem não tem a noção.
Nem de si, e por isso, nunca dos outros.
Talvez seja de facto necessário sermos capazes de equilibrar a nossa bicicleta, apurar a nossa dicção, suster o equilíbio emocional de todos os dias, das ocasiões em que o cerco parece fechar-se...
Mas as verdades também surgem assim, desta forma simples, belíssima, triste e verdadeira.
Não há como ladear o impacto do cinismo no estado corrente de coisas. Mas aquele é uma denúncia.
E como tal, faz questões sobre alternativas comportamentais, ou do estado de coisas.
Assim, os que tudo pediram, mas chegada a sua vez, pouco ou nada fazem, assumem apenas aquilo que era tristemente esperado, mas não se torna melhor por isso.
Há quem só saiba pedir.
Lixando as hipóteses os que deveriam e precisam de fazê-lo, mas preferem o silêncio doce próprio das surpresas da iniciativa, e do cuidado para além da educação.
Que triste maravilha esta faixa. Belíssima. :)
"I wish that I'd arrived a little sooner -
You really should have called we'd have come here right away
You tried to help yourself but you got it wrong
You've thrown yourself
Into the flames 'cause you're covered in cold
But these are your friends
They give out a nice warm glow
You've tried so hard to see for yourself
Your perspective is wrong
These are your friends
Let them come guide you on
Listen now - now's the time to listen
There're lessons to be learned
I've seen this before in my own life
You feel covered up, removed from the world around you
With all your senses dulled you'd do anything to feel
You tried to help yourself, but you got it wrong
You've thrown yourself
Into the flames 'cause you're covered in cold
But these are your friends
They give out a nice warm glow
What have you done? You're cutting your cord
You're floating in space
But these are your friends
They'll be your star-map home
Everybody needs some help sometimes..."
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