quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eu desconfio dos histriónicos. Dos alardes, dos foguetes, das auto-promoções, da sede de holofote, da pretensa unanimidade da "porreirice". Desconfio daqueles que confundem sinceridade com auto-centrismo, das esponjas ao sol, que muito absorvem mas nada devolvem. Desconfio daqueles que têm "tantos amigos", são "tão populares", mas no limite, perdem-se nos seus ecos quando o brilho exterior enfraquece. Daqueles que, na merda, chafurdam quase sempre sozinhos...
Desconfio dos que choram a ausência alheia e enfeitam a própria a cores de desculpa. Do carácter unilateral dos gestos cheios de auto-intuitos. De quem nada faz sem o bloco de uma conta corrente desequilibrada. De quem jamais se questiona enquanto pergunta os motivos de todos a todos.
Desconfio dos sorrisos de quem diz nunca mentir, de quem apresenta imobilidade de ser com o passar do tempo, de quem não muda de opinião, de quem a serve consoante o destinatário, só para não perturbar a paz.
Desconfio de quem desculpa a inadmissibilidade do desconforto com a emoção necessária. De quem não cerra o dentes e confunde topete com sinceridade.
De quem perdeu o juízo com os outros, não sabendo que a piada só está na metáfora de alguma auto-loucura interna.
Desconfio de quem não tem a noção.
Nem de si, e por isso, nunca dos outros.

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