sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Este mesmo senhor que aparece neste vídeo hilariante, (um herói pessoal, confesso), dizia que não há dois lados de uma mesma questão quando um desses lados é estúpido. Perfeitamente de acordo. Dizer que o Ateísmo, ou mesmo o Agnosticismo é uma religião é uma estupidez sem tamanho. Talvez alguma corrente filosófica o tenha classificado como tal, mas a verdade é que ambos os conceitos são precisamente o antónimo da concepção de uma transcendência identificada num qualquer conceito ou personificação. E é uma parvoíce, até mesmo arrogante, achar que a experiência do conceito de fé está ligada a qualquer transcendência.
[Eu tenho fé em (algumas) pessoas, por exemplo, e essas estão bem vivas. Estúpido e ingénuo, eu sei, mas conceptualmente correcto :) ]
Aliás, chega a ser ofensivo qualificar uma atitude militantemente agnóstica ou ateia como religiosa. Não há crença, não há uma identificação direccionada em algo que se acredita sem o mínimo de comprovação, havendo sim, uma negação ou dúvida metódica.
Eu sou agnóstico porque acho que as perguntas e as dúvidas são a abordagem mais honesta aos pretensos fenómenos que nos escapam. E nada mais honesto e fascinante que avançar hipóteses e tentar fundamentá-las, mas tendo sempre a ideia de que uma coisa é comparar argumentação e outra é realmente circunscrever o contorno conceptual exacto daquilo que se fala. No fundo acho que ao perguntar, reconheço a dicotomia entre o que conheço e o que posso pensar e acreditar, já lá dizia o Kant, e para mim essa é a honestidade máxima. Partir do pressuposto que, pelo facto de eu sentir e acreditar em alguma coisa, essa mesma coisa ganharia de alguma forma a classificação de conhecimento é, em meu ver, uma arrogância extrema.
Normalmente os agnósticos ou ou ateus são vistos como isentos de respostas quando falamos em fenómenos que, sem recurso a entidades supremas, são de facto do reino do inexplicável, como sendo os sentimentos, atracções ou as mais variadas paixões sensuais ou intelectuais. Mas não é verdade. Na lógica absolutamente escorreita, eu não sei exactamente porque gosto de pessoa A ou B (no meu caso é mais pessoa X :)), mas lá está, associado a essa fantástica dúvida, está associada toda uma atitude intelectual bifurcada num caminho de pergunta metódica, e noutro de avanço de hipóteses. O agnóstico mantém-se fiel a si mesmo. Pergunta-se. Sempre. Um religioso jamais se questiona. Acredita e pronto.
Tenho um profundo respeito pelos ateus, embora, no meu modesto ver, a atitude que mais em faz sentido seja o agnosticismo. Até porque julgo que mesmo os ateus farão uma série de perguntas de quando em vez.
Intelectualmente, a religião faz-me muita confusão. Não tenho, desculpem, muito respeito pela lógica, ou falta dela, subjacente, embora, claro está, tenha o mais profundo respeito pela liberdade em professar essa mesma religião, seja lá ela qual for ( e o quão mais doida parecer). Mas tenho zero respeito, seja ele qual for, pela tentativa que me parece trapalhona e mesmo arrogante, de considerar a militância não religiosa como uma religião em si. Além de vazia de conteúdo argumentativo, encerra uma espécie de inclusão num grupo que eu dispenso completamente.

Em suma, não me confundam faxavor!!!!!! :)

"AGNOSTICISMO - No agnosticismo, doutrina filosófica creditada a pensadores como Immanuel Kant, David Hume, Thomas Henry Huxley e Herbert Spencer, postula-se que a compreensão dos problemas metafísicos, como a existência de Deus, é inacessível ou incognoscível ao entendimento humano na medida em que ultrapassam o método empírico de comprovação científica. Assim, o conhecimento da existência de Deus é considerado impossível para agnósticos, teístas ou ateístas.
Ateísmo - Ateísmo, num sentido amplo, é a rejeição ou ausência da crença na existência de divindades e outros seres sobrenaturais. O ateísmo é contrastado com o teísmo, que em sua forma mais geral é a crença de que existe pelo menos uma divindade. Num sentido mais restrito, o ateísmo é precisamente a posição de que não existem divindades."

"ATEÍSMO- O termo ateísmo, proveniente do grego clássico ἄθεος (transl.: atheos), que significa "sem Deus", foi aplicado com uma conotação negativa àqueles que se pensava rejeitarem os deuses adorados pela maioria da sociedade. Com a difusão do pensamento livre, do ceticismo científico e do consequente aumento do criticismo à religião, a aplicação do termo foi reduzida em seu escopo. Os primeiros indivíduos a identificarem-se como "ateus" surgiram no século XVIII. Os ateus tendem a ser céticos em relação a afirmações sobrenaturais, citando a falta de evidências empíricas. Os ateus têm oferecido vários argumentos para não acreditar em qualquer tipo de divindade. Estes incluem o problema do mal, o argumento das revelações inconsistentes e o argumento de descrença."

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